Ladeiras da Ribeira da Agualva
Para além da água e da atividade moageira a ela associada, a Ribeira da Agualva proporcionava, ainda, terrenos tremendamente férteis aos longos das suas margens. O elevado declive dessas vertentes exigiu, dos seus antigos proprietários e utilizadores, um trabalho hercúleo no sentido de as transformar em socalcos acessíveis e operacionais. Pequenos carreiros de pedra devidamente emparelhada facultavam o acesso a essas ladeiras, nas quais pontilhavam todas as espécies de “curiosidades” (legumes e hortícolas) e muitas variedades de frutos.
Aliás, até meados do século XX, a qualidade e a quantidade dos bens produzidos (ex. alho, inhame, cebolas, batatas, couves, frutos, etc.) nessas ladeiras eram de tal ordem que justificam a saída diária, em direção a Angra e à Vila da Praia, de carroças carregadas com esses produtos, os quais abasteciam os mercados daqueles povoados e garantiam o sustento das famílias que os produziam e vendiam.
Ainda que muitos desses socalcos já estejam abandonados ou simplesmente florestados (sobretudo com eucaliptos), alguns ainda são aproveitados, exibindo, assim, diversas árvores de fruto, como sejam as bananeiras, figueiras, araçazeiros, laranjeiras, pereiras, macieiras, nespereiras e anoneiras (cf. fig. 3).
Numa dessas ladeiras, contígua ao espaço dos moinhos da Rua do Saco, a Junta de Freguesia de Agualva instalou, em 2020, uma rede de estações de atividade física desportiva ao ar livre, num claro exemplo de reconversão de espaços, direcionando-os às necessidades das populações dos dias que correm (cf. fig. 4).