top of page

Ribeira da Agualva

O percurso deste trilho é marcado pelos materiais vulcânicos associados à atividade do estratovulcão do Pico Alto, um dos quatro vulcões poligenéticos (formados em diferentes fases e erupções) que caracterizam a história geológica da ilha Terceira.

 

O vulcão do Pico Alto eleva-se até aos 808 metros de altitude e abrange uma vasta área que se estende desde a freguesia dos Biscoitos até às Lajes, condicionando o relevo neste sector da ilha. Estima-se que a atividade vulcânica associada a este vulcão se tenha iniciado há cerca de 100 000 anos, estando o seu vulcanismo mais recente datado com cerca de 1 000 anos.

E é precisamente nas bordas do Pico Alto que a Ribeira da Agualva nasce, numa zona conhecida por “Caldeira da Agualva”, a uma cota por volta dos 700 metros de altitude, desaguando na costa norte da Terceira, na freguesia de Vila Nova.

 

Ao longo do seu trajeto, de cerca de 5 km, vai recendendo água de diversas nascentes que alimentam outros cursos de água, como é o caso das Fontes do Lopes, do Mendes, da Silveira, da Portela e do Sabão, que acabam por confluir para a ribeira principal. A abundância de água que drena para a ribeira é tal que ela se torna uma das únicas ribeiras de caudal permanente em toda a ilha Terceira.

 

Essa fartura de água justificou a fixação populacional naquilo que é hoje a freguesia da Agualva. Em 1474, quando recebeu a então capitania da Vila da Praia, Álvaro Martins Homem procurou, desde logo, implementar nesse concelho o sistema hidráulico (de desvio de água da ribeira para regos a ela paralelos e desses até às azenhas) que criara antes na Ribeira dos Moinhos, em Angra.

 

Essa pretensão foi concretizada precisamente na Ribeira da Agualva. Nela foram instaladas dezenas de moinhos de água (cerca de 50) que fizeram da Agualva e da Vila Nova (cerca de 15 dessas azenhas estavam localizadas já em território vilanovense) a principal zona industrial do concelho da Praia até meados do século XX. A moagem impulsionou toda uma série de outras profissões (ex. madeireiros; carpinteiros; latoeiros; padeiros; construtores civis; transportadores; etc.) que, não só dinamizaram económica e socialmente essas duas freguesias, como permitiram complementar, em conjunto com a restante área nordeste da Terceira, a lógica do conceito Ramo Grande, tão associado ao concelho da Praia da Vitória.

5.png

A mesma ribeira que gerou riqueza e dinâmica social foi responsável por episódios infelizes de inundações/enxurradas causadoras de avultados prejuízos materiais e humanos. A história registou-os em datas como o 11.09.1813, o 08.12.1962 e, mais recentemente, a 15.12.2009. Essa última enxurrada (cf. foto 5) motivou o reperfilamento deste setor da ribeira que foi profundamente alterado com a artificialização do leito, a implantação de gabiões nas margens (cf. fotos 6 e 7) e a criação de uma bacia de retenção com o intuito de travar a velocidade da água e da carga por ela transportada e, assim, evitar futuras tragédias.

6.png
7.png
A ribeira é hoje chamariz para diversas atividades, de que são exemplos as caminhadas, o trekking, o rafting, a fotografia e mesmo, os banhos nas várias quedas de água que proporcionam pequenas piscinas naturais de água doce e fresca (cf. figs. 8 e 9).
8.png
9.png
bottom of page